terça-feira, 20 de outubro de 2009

Formação dos professores: a educação continuada

Compreende-se neste item a importância de se ter professores capacitados por meio de um processo formativo contínuo na qual deve-se buscar constantemente os fundamentos teóricos a fim de proporcionar o levantamento de questionamento do dia-a-dia, reflexão dos conflitos e transformação da prática, objetivando uma transformação no processo educativo.
O professor assume grande parte da responsabilidade do trabalho em sala de aula, pelo fato de fazer a mediação aluno/conhecimento, possibilitando uma parceria com o coordenador pedagógico educacional. Esse coordenador tem a função de articular uma parceria com os professores e os demais profissionais da educação, refletindo sobre a escola, seus desafios atuais e preparar esses educadores para enfrentar esses desafios. Ferreira (2003), ao refletir sobre esses desafios aponta:
A crescente complexidade da sociedade e do conhecimento, as recentes reformas educacionais, os problemas e as contradições da escola e da prática escolar ao lado das mudanças do perfil e das necessidades dos alunos e da formação precária e inadequada dos educadores são alguns dos desafios que o cotidiano da escola nos apresenta. [...] questões inerentes ao preparo das aulas, à sala de aula propriamente dita, as relações professor-aluno e professor-hierarquia da escola estão também presentes, a exigir ações e intervenções dos envolvidos no processo educativo (FERREIRA, 2003, p. 97).
A autora ao questionar sobre o trabalho do professor em sala de aula, e como ele conduz suas aulas, e se está preparado para enfrentar os desafios da escola, acrescenta, que os professores foram preparados de forma precária na formação da sua área específica e na formação pedagógica, e isso reflete na não-compreensão do sistema de ensino, e na não-compreensão do processo de desenvolvimento da aprendizagem do aluno, no qual estão responsáveis (FERREIRA, 2003).
Percebe-se, que a formação de professores conforme problematiza a autora, tem sido prioridade das políticas educacionais. Dando continuidade a história da educação na qual sempre teve interesses particulares da classe dominante. Com o intuito de centralizar o capital, o professor, transmite o conhecimento que obteve de forma fragmentada, no qual a sociedade absorve esse conhecimento, permanecem nessa sociedade com conhecimentos mínimos e compartilha sem perceber do crescente índice das desigualdades sociais (FERREIRA, 2003).
Ferreira (2003), aborda que não existe a preocupação de formar educadores direcionando as questões éticas, psicológicas, sociais. Preparar o professor para ter compreensão de como lidar com o outro, com os conflitos e as reações individuais e em grupos. Se a escola hoje enfrenta problemas de injustiças sociais, contradições etc, o educador deve se posicionar exercendo sua função, ou seja, formar indivíduos com conceitos e perspectivas diferentes das existentes. Um professor responsável em trabalhar na coletividade.
É nesse contexto que o sistema educacional necessita do papel da coordenação-pedagógica, com ações de parcerias, de articulação, de ajuda e orientação. Para Christov (1998), esse trabalho pode ser realizado com a formação de professores no processo denominado Educação Continuada, na qual traz uma crítica aos termos utilizados anteriormente como treinamentos, capacitação, ou seja, propostas que não contribuíam a construção da autonomia intelectual do professor (CHRISTOV, 1998,).
A partir da década de 1990, surgiram novas reflexões a respeito da formação de professores. É necessária a compreensão da realidade, pois essa muda constantemente, e diante dessas mudanças, os conhecimentos têm que ser revistos para acompanhar essas transformações. Nesse embate, há necessidade da Educação Continuada para atualizar esses conhecimentos, analisando as mudanças que ocorrem em nossa prática, compondo diferentes ações como cursos, congressos, seminários etc (CHRISTOV, 1998).
De acordo com Christov (1998, p.10), o programa de Educação Continuada pressupõe um contexto de atuação: uma escola, um município, um país, uma sociedade,
A compreensão de que ela não será a responsável exclusiva pelas transformações necessárias à escola, uma vez que isso depende de um conjunto de relações, mas poderá ser um elemento de grande contribuição para essas transformações; Condições para a viabilização de suas ações, que podem ser resumidas em três grandes aspectos: vontade política por parte dos educadores e governantes, recursos financeiros e organização do trabalho escolar como tempo privilegiado para estudos coletivos e individuais por parte dos professores.
Seguindo essa linha de pensamento, Garrido (2000), aborda que, esse trabalho busca compreender a realidade escolar e seus desafios. A autora considera essa tarefa formadora, articuladora e transformadora, de certa forma difícil. Primeiro, por não existir fórmulas prontas, existe sim a necessidade de criar soluções de acordo com cada realidade. E segundo, porque mudar o que está posto, com novos modelos, novas técnicas, significa reconhecer deficiência no seu trabalho, significa enfrentar conflitos entre os envolvidos, pelo fato dos valores, pela visão de mundo e os interesses serem diferentes. Diante disso, muitos professores resistem às mudanças, preocupados em não dominar as novas propostas. Contudo, há necessidade de uma parceria professores-coordenadores pedagógicos, para juntos vencerem o medo, as inseguranças, e aos poucos conquistarem seus espaços.
Garrido (2000), propõe que para este trabalho ser bem sucedido, é preciso que os educadores sejam valorizados, respeitados e ouvidos, terem liberdade de exporem suas idéias, que suas experiências sejam valorizadas, que haja troca dessas experiências e por meio disso, superem as dificuldades. A autora acrescenta que, apesar de todas as dificuldades que assolam a educação brasileira, a Educação Continuada com as novas propostas vem oportunizando os educadores às mudanças na área do conhecimento, isso por meio de congressos, reuniões e encontros de educadores.
Entretanto, não é possível o desenvolvimento deste trabalho, se o professor e/ou educador não tiverem interesse em mudar seus métodos, em renovar suas propostas. Compreende-se, que ao enfrentarem dificuldades estes terão que ser desafiados quanto a sua desvalorização no que tange as condições de trabalho oferecidas aos mesmos, a questão salarial, entre outros. Mas a responsabilidade não é só do Estado, há necessidade de que os educadores façam a parte que lhes convém, direcionando as propostas e os encaminhamentos a serem percorridos.
Percebe-se que a formação continuada do professor no âmbito escolar possibilita recursos para que seu trabalho seja significativo. Compreendendo que por meio de uma busca contínua de novos embasamentos teóricos, esse terá um alicerce e passa a compreender o processo educativo relacionando, realidade do aluno com as transformações da sociedade. Mesmo porque, as teorias críticas estarão lhe proporcionando conhecer que os desafios a serem enfrentados, são reflexos dos acontecimentos da sociedade.